A conta chegou. No dia 23 de julho de 2015, o Ibovespa concluiu sua 5ª queda consecutiva zerando todo o ganho do ano, trabalhando abaixo de um importante ponto psicológico nos 50.000 pontos pela primeira vez desde março. O fato de zerar os ganhos nos remete a uma sensação ainda maior de desconforto. O sentimento é de que a fonte secou, o dinheiro da carteira se foi ou a “gordura” acabou.
Pensando nisso, optei estudar alguns indicadores de mercado que são fundamentais para avaliação do mercado brasileiro sob o ponto de vista do risco. São aqueles índices que o mercado toma como referência sempre quando há um prenúncio de pânico no mercado. Será que estamos diante de um precipício?
O Índice Bovespa segue firme na sua tendência de baixa e o fato de trabalhar abaixo dos 50.000 pontos abre caminho para um novo teste na faixa dos 46.500 pontos pelo lado técnico, ou seja, pode voltar a testar a mínima do ano. Para evidenciar a tendência de baixa atual, eu resolvi estudar o comportamento do CDS (Credit Default Swaps – Risco Pais), do dólar, dos juros futuros e do principal “índice do medo”, o Índice Vix atrelado ao EWZ.
Nos mercados mais dinâmicos, o dinheiro tem vida. A capacidade e a velocidade dos seus participantes mudarem de posição é intensa, mas para isso é preciso ter plena consciência de todos os riscos.
A avaliação das agências de risco é um pouco diferente da que é praticada nos CDS, pois os elementos considerados não são puramente técnicos. Como, por exemplo, uma crise de confiança. Já a precificação dos CDS é feita de acordo com as condições de mercado que engloba uma visão macro de todos os agentes. Embora tenham cálculos diferentes eles nos dão a real percepção do quão delicada é a situação do mercado brasileiro. Sem menosprezar a grave crise de 2008, se tirarmos esse fator estaríamos em níveis de novembro de 2005. Neste período, os títulos de crédito soberanos brasileiros sequer tinham GRAU DE INVESTIMENTO.
Existe uma questão pontual sobre a decisão do COPOM que virá na próxima quarta-feira (29), mas a grande realidade é que os investidores estão colocando em questão todo o processo de condução dos ajustes fiscais e isso tem exigido rendimentos muito maiores no curto prazo do que no longo.
Dólar
A “moeda do mundo” segue firme na sua tendência de alta e na sexta-feira passada atingiu o maior nível desde abril de 2003 - outro indicador de grande relevância que traz uma autêntica percepção de risco (alto). E o investidor não quer saber porque ele sai de qualquer ativo de risco e corre para o dólar. Isso não tem sido diferente desde quando a moeda americana iniciou a tendência de alta a partir de agosto 2013 até hoje.
A última vez que pude perceber uma inclinação tão forte assim foi nas crises de 1999 e 2002. Logo, nada me surpreende se o dólar não só testar, como ultrapassar a barreira dos 4 reais.
Recentemente, ocorreu uma considerável alta repentina e estamos muito próximos aos níveis de topo do “rally eleitoral”, momento em que o medo circulava no mercado a respeito da reeleição da situação.
O gatilho técnico para toda esta movimentação e percepção ainda maior do risco está na volatilidade histórica do Ibovespa. Conforme o gráfico abaixo, estamos em níveis de volatilidade pré “rally eleitoral”. Veja que as curvas de volatilidade mais longas de 50 e 100 períodos já inflexionaram para cima.
No momento em que a curva de volatilidade histórica de 30 períodos superar as duas últimas teremos um ambiente perfeito para o estresse, descontrole psicológico e movimentos exacerbados, o famoso “corram para as colinas”. Eu, sinceramente, torço para que não.
Abraços,